Programa 11

 
Dia: Quarta-feira, 19 de Setembro de 2007
Locutores: Pedro Nobre
Convidado: João Machado
Músicas Passadas: Expensive Soul – "Eu Não Sei", Bob Marley – "No Woman no Cry", Sara Tavares – "Eu sei...", Enya – "May It Be", Vanessa Williams – "Saved The Best For Last.


João Machado



Boa noite caro ouvinte, hoje é dia 19 de Setembro de 2007 (a 103 dias do final do ano), neste momento são 23h15m e está a ouvir a Rádio Telefonia do Alentejo, sintonizado na frequência 103.2 FM ou via Internet em www.rta.com.pt.

Benvindo, mais uma vez, ao nosso programa NA ESCURIDÃO DA NOITE – Onde as palavras despertam para a lua… Eu sou o Pedro Nobre e estaremos juntos até a meia-noite, até lá pode ligar e participar via telefone 266 730 415 ou se é amante da Internet pode comunicar connosco via MSN adicionando o nosso contacto de e-mail: radiotelefoniadoalentejo@hotmail.com.

Iniciamos o nosso programa ao ritmo dos Expensive Soul, com o tema “Eu não Sei” e seguiu-se o primeiro poema da noite, escrito pela poetisa Irene Lisboa e que se intitula “Jeito de escrever”… vou passar ler uma pequena biografia da poetisa:

“Irene do Céu Vieira Lisboa nasceu no Casal da Murzinheira, Arruda dos Vinhos, em 1892. Formou-se pela Escola Normal Primária de Lisboa e fez estudos de especialização pedagógica na Suíça, França e Bélgica. Foi um dos nomes mais importantes da "escrita feminina" portuguesa do século XX. O seu primeiro livro foi 13 Contarelos, ao qual se seguiram dois livros de poesia. A sua obra reparte-se entre a ficção intimista e autobiográfica, a crónica, o conto, a poesia, a pedagogia e a crítica literária. Faleceu em 1958…”

Hoje não temos a companhia da Rute Antunes, por motivos pessoais... mas manda-vos um grande beijinho e que continuem com muitas inspirações poéticas…

Como tem vindo a ocorrer semanalmente temos trazido um convidado a estúdio para nos falar de poesia… e hoje vamos ter um mais um eborense… não percam mais à frente…

Seguidamente vamos a mais um momento musical, desta vez vamos para os lados da Jamaica, com a voz de Bob Marley – “No Woman no Cry”, traduzindo o título para português “Não chores, mulher”…

Depois de ouvirmos esta grande voz que nos transportou para o mundo espiritual… telefonou-nos a ouvinte habitual, a Luísa Zacarias e nos leu o poema “Uma luz que brilha” e “Vamos dar as mão”.

Iniciamos a nossa segunda parte com Sara Tavares com o tema “Eu sei…”

Seguiu-se as nossas sugestões com a Agenda Cultura de Évora, que vai de 20 de Setembro a 26 de Setembro…

Nós, aqui, na RTA, damos sempre grandes sugestões e o que está à espera de iniciar o Outono com grande energia e cultura…Saia de casa e leve toda a família… e se for preciso até o periquito…

Vamos a mais um momento musical, de que o nosso convidado é particularmente fã, ainda não revelei o nome dele, ele é João Machado… e o tema que vamos escutar é Enya – “May It Be” um dos temas da Banda Sonora dos Senhor do anéis…

Antes da irmos até à grande entrevista com João Machado, nós, NA ESCURIDÃO DA NOITE, fomos fazer uma pesquisa ao site Wikipédia e fomos saber qual a definição de poesia, que é a seguinte:

“A poesia, ou género lírico, ou lírica é uma das sete artes tradicionais, através da qual a linguagem humana é utilizada com fins estéticos. O sentido da mensagem poética também pode ser importante (principalmente se o poema for em louvor de algo ou alguém, ou o contrário: também existe poesia satírica), ainda que seja a forma estética a definir um texto como poético.

Num contexto mais alargado, a poesia aparece também identificada com a própria arte, o que tem razão de ser já que qualquer arte é, também, uma forma de linguagem (ainda que, não necessariamente, não verbal).

A poesia, no seu sentido mais restrito, parte da linguagem verbal e, através de uma atitude criativa, transfigura-a da sua forma mais corrente e usual (a prosa), ao usar determinados recursos formais. Em termos gerais, a poesia é predominantemente oral – mesmo quando aparece escrita, a oralidade aparece sempre como referência quase obrigatória, aproximando muitas vezes esta arte da música.”

Como já anunciei, hoje temos mais um convidado em estúdio o nosso amigo João Machado que se disponibilizou estar aqui presente esta noite. Em primeiro lugar vou fazer uma breve introdução ao nosso convidado: João Machado nascido em Évora a 14 de Janeiro de 1978, cresceu e formou-se na licenciatura de Gestão, na grande Universidade de Évora…

Na Escuridão Da Noite: Como começaste, onde, porquê e quando é escreves se é durante o dia ou noite?

João Machado: Iniciei em 2005 por volta de Março ou Abril a escrever mais ou menos a sério, antes já escrevia mas não era nada de relevante e agora também não o é… Escrevo porque gosto de escrever não tenho nenhum grande motivo. Faz bem escrever, faz bem à alma, costumo escrever mais de dia, do que noite.

NEDN: Pelo que dizes, é um pouco contraditório à maioria dos convidados que nós temos trazido a estúdio…

João Machado: Grande percentagem de que escrevo, cerca 70 a 80%, deve ser de dia…

NEDN: E achas-te um poeta?

João Machado: Eu não creio que seja, geralmente um poeta escreve para um público vasto, não escreve para alguém… escreve para toda a gente e não escreve para ninguém… não me considero exactamente um poeta, mas…

NEDN: Qual é a tua definição de poeta?

João Machado: Não é fácil definir um poeta, como não é fácil definir a poesia… um poeta é uma pessoa que escreve, lá largar aos seus sentimentos, escreve ao que sente, ao que vê, ao que ouve, escreve sobre qualquer coisa, ou ás vezes até pode fingir sobre aquilo que sente como dizia o nosso Fernando Pessoa...

NEDN: Dizes que não te consideras como poeta, e deste-me uma definição de poeta. Não te enquadras em parte ao que acabaste de me dizer?

João Machado: Talvez uma pequena parte, mas não creio ainda ser aquilo que se chama mesmo um poeta.

NEDN: Quando falas de poetas falas daqueles ditos “monstros” da poesia?

João Machado: Refiro-me pelo menos a pessoas que mais ou menos tenham certo cuidado a construção da escrita, de que os poemas sigam certas figuras de estilo, sigam aquelas normas que estão estabelecidas, não me preocupo muito essas normas, normalmente escrevo coisas desordenadas…

NEDN: Como referenciei anteriormente, tiras-te a licenciatura em Gestão, tudo à base de matemáticas, contabilidade… como consegues viver em mundos totalmente disparos, letras, números…?

João Machado: Eu segui a área de Gestão mais pelo motivo de ter futuro profissional, no fundo até preferia a área das humanidades…

NEDN: E porque não foste para essa área?

João Machado: Porque achei que não tinha futuro quando terminasse o curso e escolhi a área que eu também gosto de Gestão, mas se escolhesse História seria mais ao mesmo gosto.

NEDN: Ou seja, pensaste mais na perspectiva de emprego?

João Machado: Sim pensei mais no futuro…

NEDN: Assim aproveitas com a escrita… e vais mantendo ligado à área das letras…

João Machado: Por acaso várias pessoas falam comigo e ficam admirados quando sabem qual é a minha área… alguns nem acreditam. Falo com pessoas no Messenger, por exemplo quando digo que sou de Gestão, as pessoas respondem eu pensava que eras de Filosofia ou línguas ou assim do género e eu acho graça as pessoas… por vezes penso que as pessoas acham que estou a mentir. O nosso curso é muito quantitativo, é números, é contas…

NEDN: Em parte até pode ser um escape?

João Machado: Exacto, também é um escape… a área da Gestão também um bocadinho pesada…

NEDN: Já estamos a falar em Gestão, nas aulas, nos corredores, ou na biblioteca costumavas escrever poemas ou é mais em casa?

João Machado: Geralmente à uma sala na Universidade que nós chamamos o comboio… e chamam este nome por ser uma sala comprida com várias estantes onde estão os livros de História e dessas áreas e essa sala dá-me muita tranquilidade e já escrevi aí muitos poemas nesse local. Nas aulas, lembro-me de dois ou três, mas geralmente nas aulas não tinha inspiração para escrever…

NEDN: Pelo que me acabaste de me dizer esse “comboio” foi inspirador de muitos poemas?

João Machado: Alguns dos primeiros foram escritos aí nesse local…

NEDN: Disseste que iniciaste a escrever em 2005, mas foi por algum motivo, começaste a escrever poesia por questões amorosas, por questões da vida, do teu dia-a-dia?

João Machado: Por questões da vida, sentimentos que surgiram e que alteraram a minha vida, basicamente foi o que me levou a escrever, mas eu já escrevia antes… mas não divulgava, não publicava na internet, não tinha blogs, aliás eu até não gostava dessa ideia de divulgar as minhas coisas… geralmente sou uma pessoa bastante privada.

NEDN: Pelo que estou a ver estão ir no mesmo sentido dos outros convidados, no inicio tem-se sempre o medo, o receio de divulgar o que se escreve…

João Machado: Porque geralmente, são coisas pessoais e por vezes é preciso coragem para as mostrar. Eu ao início tinha bastante dificuldade em colocar certas coisas que escrevia. Preferia guardar tudo e ainda hoje não publico tudo na internet…

NEDN: Já que falas em publicar, na tua opinião, em Évora há muitos apoios para quem escreve poesia? Por exemplo, quando falo em apoios refiro-me a divulgações de poetas ou então edições de livros de poesia…

João Machado: Na minha parca experiência nesses assuntos não me parece que haja assim grandes apoios… mas não creio que seja só um problema de Évora, penso que seja generalizada ao país…

NEDN: Certamente só os grandes centros, Lisboa e Porto têm mais oportunidades …

João Machado: Lisboa e Porto têm essas editoras que se dedicam ao poeta anónimo, quase desconhecido, creio que em Évora não existe nada disso.

NEDN: E já que falamos de livros, quando é que vais editar o teu livro?

João Machado: Estou a escrever um livro sobre as viagens que já fiz, ou seja, ainda está na primeira fase e ainda penso fazer umas revisões e acabar o texto não levará menos de um ano é que também estou a trabalhar na minha tese de Mestrado e isso vai ocupar-me muito tempo e é um trabalho que tem ser levado bastante a sério. A escrita tem que ficar um pouco para segundo plano…


Entretanto lemos mais uma biografia de um poeta conhecido:

"Carlos Drummond de Andrade (Itabira, 31 de outubro de 1902 — Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987) é considerado um dos principais poetas da literatura brasileira devido à repercussão e alcance de sua obra. Nasceu em Minas Gerais, em uma cidade cuja memória viria a permear parte de sua obra. Formado em farmácia, durante a maior parte da vida foi funcionário público, embora tenha começado a escrever cedo e prosseguido até seu falecimento, que se deu em 1987 no Rio de Janeiro, doze dias após a morte de sua única filha, a escritora Maria Julieta Drummond de Andrade. Além de poesia, produziu livros infantis, contos e crónicas."

Lemos um poeta deste poeta que se intitula de “Amar”…


NEDN: João Machado, os nossos ouvintes não conhecem o que escreves, queres dizer-lhes onde podem ler alguns dos teus poemas?

João Machado: Tenho três blogs na internet mas o principal é o meu “Meu Querido Diário” que tem como endereço http://mybelovediary2.blogspot.com. Onde têm muito arquivo para lerem…

NEDN: Já sabemos que não tens nenhum livro editado, mas gostas muito de ler livros, podes deixar-nos umas dicas de leitura para os nossos ouvintes?

João Machado: Como costumo dizer só leio autores já mortos à mais de 100 anos, tirando Agatha Christie, que é uma escritora que aprecio imenso do estilo literário dela. Eu recomendaria aos ouvintes que lessem a colecção toda do “Senhor dos Anéis”, escrito por J.R.R. Tolkien que consegue ser melhor que os filmes… têm aí material para alguns meses. Também podem ler as outras histórias o “Hobbit” é um género de prólogo da história principal, poderão ir até à “Terra média antiga”, à primeira parte da terra média ir buscas aquelas histórias antigas do inicio dos “Elfos” e daquela história toda. Estas são as minhas recomendações principais…

NEDN: E poesia não lês nada?

João Machado: Muito pouco e até para não me influenciar à minha própria escrita e até faço questão não ler muita poesia. Parece irónico, eu que escrevo poesia, não leio poesia… tirando aquela poesia que toda a gente conhece do Fernando Pessoa, do Camões… não estou em contacto, não leio muitos livros em poesia…

NEDN: Para finalizar, queres deixar uma mensagem aos ouvintes, ás pessoas que escrevem poesia?

João Machado: As pessoas que escrevem devem continuar a fazê-lo no seu estilo e não devem deixar influenciar ou copiar ou de certa forma para agradarem outrem… continuarem a escrever o que sentem e o que pensam, desde que se satisfaçam a si mesmas, desde que gostem de ler o que escrevem, mais ninguém precisa de gostar.

Já era meia-noite e dezoito minutos quando finalizamos o nosso programa ao som da música de uma música suave, doce, as músicas calmas são NA ESCURIDÃO DA NOITE com Vanessa Williams – “Saved The Best For Last”...

Até para a semana…





Um bem-haja a todos sem excepção,
Pedro Nobre & Rute Antunes


 

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